segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Notícias de nossa caverna

Sei que faz um bom tempo que não atualizo o blog.
Confesso que não foram meses de tantos sucessos assim.
Minha vida mudou demais esse ano, tive problemas sérios de saúde na família, mas não deixei o projeto de salvar meu filho de lado.
A dieta continua, as feridas também.
É muito triste tentar e não conseguir ajudar simplesmente porque não sabemos o que fazer ou como fazer.
Dei um tempo dos estudos, lia algo aqui ali porque houve dias que o desespero tomava conta de mim. Agora, mais calma, voltei com força total.
Uma coisa que até já sabia, mas creio que tenha aceitado melhor é que no autismo podemos acertar em 10 coisas, mas no meio dessas 10 coisas certas virão 2 erradas.
Hoje meu grande problema é a questão financeira.
Os médicos que gostaria de levá-lo, os exames que precisamos fazer não estão disponíveis, mas penso que só por hoje.
Vou devagar, dá para fazer muita coisa com pouca grana também.
Acabei me perdendo um pouco de mim. Me atrapalhei com a minha dieta e por consequência fiquei doente muitas vezes.
Prefiro encarar como um teste válido para nós. Art e eu somos muito parecidos, necessitamos desse estilo de vida por razões acima de qualquer vaidade.
As feridas persistem sim, mas as conquistas são gigantescas também:
Nosso filho continua dormindo muito bem. Estamos no projeto "Fora de nossa cama". E ele tem dormindo boa parte da noite num colchão ao lado de nossa cama.
Nosso filho não fica mais doente com a frequência de antes. Ele pode ser considerado uma criança com a saúde delicada, não mais debilitada. Está crescendo otimamente bem e está com um peso excelente.
Na escola nos acertamos: Artur leva sua comida de casa. Chega de ficar achando que o que está dando errado pode ser lá, dá muitoooooo trabalho, mas preferimos assim. Todos estão mais calmos.
Seu comportamento tem sido impecável. Ele compreende tudo o que eu digo, obedece a todos os meus pedidos, entende frases mais elaboradas.
Aprendeu a dizer 'papá' quando quer comer. Vai até a geladeira, abre, sabe os potes que costumam ser guardados sua comida e coloca na mesa, pega o prato que costuma comer e também poe na mesa. Nos chama e nos entrega o prato.
Ainda não come sentadinho como um lord, mas está excelente.
Alguns meses atrás passamos por uma compulsão por comida. Ele queria comer o dia inteiro, então, eu não aumentei a quantidade de comida, apenas fracionei em diversas vezes a mesma quantidade para ele assimilar que comia muito e deu certo. Hoje ele come muito bem, mas sem exageros.
Seu único líquido continua sendo a água, nada mais.
O pediatra está muito satisfeito com seu desenvolvimento, seu comportamento até mesmo no consultório porque mudou e muito.
Temos um autista que hoje vai a shoppings, lojas, supermercados,enfrenta filas em bancos, sai para comprar roupas com a mamãe, vai em loja de brinquedos e seu comportamento é impecável. Sem birras, sem hiperatividade. Aliás, essa diminuiu absurdamente. É de encher os olhos.
Temos ido a festas de aniversário, além de entrar em qualquer casa sem nunca ter ido, ele não estranha mais, ainda participa da hora do parabéns sem transtornos.
Essa semana iniciamos a parte final de ir ao banheiro: levantar a tampa do vaso, abaixar a calça, colocar a calça e lavar as mãos. A coordenação motora dele não colabora, mas pra que pressa, não é?? O que eu tenho observado mesmo é que ele compreende o sentido de todas as coisas.
A agressividade hoje se dá porque por ser um menino tão fofo, é claro que ele é mimado por todos, onde quer que vá não sei sem um abraço, um beijo e uma revista.
Então, ao ser contrariado, a coisa ferve, mas nem por isso ele deixa de acatar o que pedimos, não insiste para fazer o que não deve, esperneia um pouco e logo passa.
Algumas pessoas dirão que meu filho está crescendo, que a tendência é melhorar a cada dia. Eu digo que isso é um ledo engano, no autismo as coisas infelizmente não vem assim.
No autismo, as coisas vem quando você mantém a calma, quando você aceita que ele está ali e ficará ali para sempre, mas que isso não quer dizer que você não pode tornar as coisas boas.
Eu desisti da auto piedade, eu desisti de acreditar que era produto de uma fatalidade genética ou divina, eu decidi!!
Decidi lutar por qualidade de vida para meu filho, decidi dar o meu melhor, decidi mover o mundo, virar minha vida do avesso para viver pelo meu filho.
E por mais que ainda não tenha alcançado uma plenitude saudável para ele (não para minhas expectativas) eu não desisti e não vou desistir nunca.